Em primeiro lugar quero dizer que, apesar de suas dimensões "bíblicas", o livro de Lobão vale cada momento que você usar para degustá-lo. A linguagem usada é bastante coloquial o que dá à leitura uma fluidez incrível. E é muito bacana a forma como ele se expõe tanto nos triunfos quanto nos fracassos. O livro gera um clima de intimidade muito acolhedor. E é encantador ver que, por trás daquele cara que vocifera defendendo suas idéias e ideais - o próprio Lobo Mau - existe um homem sensível, vivido e vívido, apaixonado e coerente. Sua capacidade de regeneração, de renascimento, sua força nos vários "recomeços" é incontestável. Eu diria, um exemplo. E que os puritanos de plantão não me venham com a conversa de "roqueiro doidão e drogado" não pode ser exemplo. E digo isso pois esta faceta é o que menos importa, em tudo que ele viveu e fez, as drogas, não foram o prato principal desta história. Foram meras guarnições. O Lobo não é tão mau assim, de fato, nem mau ele é. Lobão é um ser "acordado", desperto, esperto e muito inteligente. Não é a frente do seu tempo, pois ele é atemporal. É o tipo de ser pensante que faz bem a qualquer época, aquele que não se curva às hipocrisias e faz da sua vida uma eterna defesa e luta por aquilo que acredita.
Abaixo o vídeo de uma entrevista concedida a Jovem Pan Online.